Com a suspeita do autismo, vem o medo, a insegurança e a dificuldade de visualizar um futuro.
Logo após o diagnostico, podem aparecer a raiva, a desesperança e o baque.
Começam as idas ao psicólogo, à fono, às terapias ocupacionais, a luta pela aceitação em ambiente escolar, além das medicações (quando necessárias), a rotina e os estímulos, que somam em muitas cobranças e quase nenhum apoio.
E a mãe ? Como ela se sente ?
Claro, em meio a tantos cuidados, atividades, preocupações, ainda tem a rotina da criança que apresenta uma imensa necessidade, vontades, e precisa ser acolhida.
Não é fácil estar com uma criança durante todo o tempo, ainda mais aquela que exige um pouco mais de nós.
Hoje não temos uma receita, ou até mesmo a melhor orientação, para cuidar dos nossos filhos e, muitas vezes, a mãe se sente perdida ou angustiada por não ter encontrado uma maneira de lidar com as situações que acontecem em casa.
Muitas das mães que atendo estão, além de assustadas, sobrecarregadas e muitas vezes sozinhas.
E é comum muitas mães se dedicarem exclusivamente aos filhos, colocando projetos de vida em segundo plano. Em grande parte dos casos, o pai até chega a participar ativamente da rotina familiar, mas, por diversas vezes, também acabam ficando resistentes ao diagnóstico e dizem que é apenas uma fase que passará com o tempo.

Amigos se afastam, oportunidades de trabalho reduzem, parentes vão embora. O casamento, as amizades e a rotina pessoal ficam abalados.
Fragilizada, a mãe acaba sofrendo se sentido sozinha e desamparada.
Preocupadas em oferecer o máximo de recursos para os filhos, muitas mães negligenciam seu sofrimento, dizendo: PRIMEIRO VOU CUIDAR DO MEU FILHO, DEPOIS DE MIM. E, diferente disso, o cuidado com as cuidadoras é muito importante, tanto para a mãe quando para a criança, trazendo mudanças em seu modo de viver e se relacionar.
Onde antes havia muita esperança, tudo passa a ficar escuro e o medo da eterna dependência acaba ficando maior.
Quanto atendo uma mãe nessa situação, vejo como os filhos podem se transformar em prioridade, fazendo com que ela se esqueça de seus desejos e projetos. Ela não consegue conciliar sua vida pessoal com as necessidades das crianças, e isso gera em um grande circulo de sofrimento a longo prazo.
A sobrecarga das necessidades da criança em uma única figura (materna) pode causar um grande impacto e, em muitos casos, surgem, tristeza, desesperança, medo, irritabilidade, ansiedade e crises de pânico. Todos esses sintomas são muitas vezes silenciados por uma sociedade que cobra muito, mas não oferece o apoio necessário.
Então, Mãe, sobreviver a isso é um grande desafio e muito sofrimento pode surgir. Não são poucas as vezes em que dá vontade de desistir de tudo e abandonar o barco, mas, acredite, EXISTEM SAÍDAS.
Mãe também sofre, chora, se irrita, quer desistir. No entanto, nem sempre precisa ficar sozinha. Tire um tempo para sua construção e cuide de si. Com esse processo haverá uma grande alívio de sentimento e reencontro.
Que tal conquistar a si mesma ? Essa será a sua melhor jornada, honre e se apaixone pela sua história .

Vanessa Bello
Psicologa | Terapia Cognitiva Comportamental
@vanessabelloo_

